Vanessa Ramos Velasquez

RE-MANIFESTO ANTROPOFÁGICO PARA A ERA DIGITAL


Quem descobriu quem?


Foram os Portugueses que descobriram os índios brasileiros só por que aqueles fizeram o esforço de construírem suas caravelas, botarem-nas no mar e seguirem a viagem longa?

Por que não ao contrário?

Só por que os índios se encontravam numa posição passiva de meramente estarem de olhos abertos e avistarem esses estrangeiros?


Quem comeu quem?


Desde vossa descoberta, levaram nossas cores para alegrar com um vermelho brilhante vossos eclesiásticos e reis, enquanto lhes contagiamos com nossos sorrisos incansáveis. Agora deixe-nos prová-los nas vossas novas vestimentas. Gostaríamos de ver-lhes através de vossos olhos arregalhados e incorporar vossa alegria assimilada.


É tarde demais para voltar e contestar. Aceitemos tudo do passado, mas viremos a mesa para o futuro. Comemos tudo e engolimos a seco, mas agora cuspamos com bastante sabor que é pra fazer bem aos olhos estrangeiros e deixá-los hipnotizados com tanta gula.


Levaram todo nosso pau-brasil, deixaram-nos só com o nome Brasil enquanto nos meteram o pau.

Então, ponham sua carapaça, pois agora é a nossa vez com o bastão!


Pindorama não é mais! Nunca! Não volta atrás! Eis o índio tecnológico da revolução digital que quer mais do que apito!


Queremos mais do que seus brancos e negros trazidos de terras distantes, dê-nos seus coloridos dados dos mundos virtuais. Mas queremos nos achar sem nos perder nas profundezas de selvas ainda não desbravadas.


Primitivo agora tá acabando, só vão achar Engarrafados e Enlatados em matas peladas!  Tudo já foi descoberto e desvendado. Será que teremos que retornar a sermos crianças contentes com pré-logismo ou será suficiente o lojismo de revoluções esquecidas a cada ano conforme novas versões nos ditarem?


À quem pertence o grito contemporâneo:

Viva a Inocência e a Pureza! Que não se percam no vazio pós-moderno da Matrix, o novo umbigo do mundo!

Viva a ignorância do infantil desconhecido da pixelândia!


Dessa vez qual será a contribuição milionária de todos os erros?

Viva o En-Tropicalismo de todos os Suls.

Viva o Lepitópi, o verdadeiro Muiraquitã da felicidade!


E se alguém apertar a tecla “delete” será que vai apagar a história? Velhos bons tempos aqueles do telefone vermelho? Era só um botãozinho de difícil acesso reservado a um ou dois loucos apenas. Agora todo desvairado tem um!


Então vamos assoprar os apitos nos Cabaré Voltaires de toda esquina.


O sweat shop da mente não para; o sangue, suor e cerveja rola infinito enquanto o futebol, carnaval, café, pingas, e mulatas deixam tudo fosforescente e tinindo. O barquinho vai e a tardinha cai com a noite já se erguendo e sua lua disputando espaço com nosso sol.


Nosso neoconcretismo, é seu concretismo, façamos tudo direito, esquerdo, ou de trás pra frente, não importa, é tudo unisex, one-size fits all, made in China, importado e exportado até o fiofó fazer bico.


Nosso canibalismo é sua fonte de renda e orgulho de estarem nos alimentando. Seu lixo é nossa riqueza que revendemos por muito mais. Nossa pobreza é sua janela pra alimentarem sua curiosidade. Portanto não reclamem quem usa quem, ou quem come quem. Essa estrada tem ida e volta e ninguém precisa ficar preso no caminho.


Na natureza, nada se perde, nada se cria, tudo se transforma; e agora na nova idade onde tudo é 1’s e 0’s, façam sua própria matemática e mistureba, vejam o que sai do liquidificador antropológico, que de lógico não tem nada.


Invenção é a mãe da necessidade.

Transfiguração é a reação de existir.

Manifestação é a subversão da verdade aprendida em ação.

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CHAMADA OFICIAL PARA PARTICIPAÇÃO AUTOFILMADA (POR TELEFONE CELULAR, WEBCAM, ou QUALQUER DIGITAL) DA LEITURA DO RE-MANIFESTO ANTROPOFÁGICO PARA A ERA DIGITAL


Este filme é composto de leituras do público de frases do meu poema-manifesto RE-MANIFESTO ANTROPÓFAGO PARA A ERA DIGITAL. Meu trabalho sobre Antropofagia Digital contendo este manifesto se iniciou em 2009 como uma tese sobre canibalismo cultural na era da mídia digital propondo um novo processo de colonização da humanidade através do fenômeno da Sociedade Cibernética. O trabalho acaba de ser nomeado para o prêmio Vilém Flusser Theory Award do Transmediale 2011 e será apresentado em Fevereiro de 2011 durante o Festival em Berlin.


Para dar continuidade a este trabalho e incorporá-lo numa nova forma além de minhas apresentacões em festivais e simpósios de arte e mídia eletrônica, estou propondo junto a um parceiro (também artista brasileiro antropófago), Pedro Costa, realizar este filme com participação do público.


Para tanto eis a chamada:


-Aberto a qualquer brasileiro morando dentro ou fora do Brasil. Ou a qualquer estrangeiro que more ou que já tenha morado no Brasil e fale Português. Ou a qualquer pessoa de país de língua Portuguesa.

-Aprecio os sotaques fortes regionais assim como de outras línguas se o cidadão Brasileiro morou ou mora fora do Brasil por muito tempo. O que importa é a diversidade do povo Brasileiro ser representada no filme, assim como a diversidade de pessoas que falam a língua Portuguesa.

-O participante deverá escolher uma frase do meu RE-MANIFESTO ANTROPOFÁGICO PARA A ERA DIGITAL contido acima nesta página. Mas se o participante se identificar com mais de uma frase ou até mesmo um trecho inteiro, poderá enviar tudo o que decidir ter gravado.

-Ler a(s) frase(s) escolhida(s) se autogravando com seu telefone celular ou camera digital. (Certifique-se que o ambiente tem luz suficiente para registrar um video de boa qualidade, e um lugar não barulhento para que sua leitura tenha um bom áudio).

-É necessário que o participante tenha um perfil no Facebook para poder participar do projeto.

-Postar o video na página designada para o projeto no Facebook (link abaixo) que servirá de archivo vivo do projeto, assim como mandar o seu video por qualquer serviço online de sua preferência. Sugiro o www.YouSendIt.com (este serviço é gratuito para arquivos de até 100MB).

-O email para envio do video por servidor online é vramosvelasquez@gmail.com. Favor não mandar o video em si para este e-mail!

-O projeto termina quando todas as frases contidas no manifesto tiverem sido obtidas. Então editarei os envios dos participantes escolhidos por mim e este filme final da leitura do manifesto será disseminado por todas vias online (redes sociais, YouTube, etc.). Assim como será enviado para festivais de cinema. Portanto só participe se estiver de acordo com estas normas. Este é um projeto aberto ao público e não remunerado. Porém gostaria de incluir o nome e cidade de residência de todos os participantes nos créditos do filme, e portanto darei preferência aos que não querem ser anônimos.


Para postar seu vídeo clique no link abaixo. E para melhor acompanhar o projeto clique no button “Like” na página acessada.

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http://www.facebook.com/pages/Re-Manifesto-Antropofagico/174803579203744?ref=sgm




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Mais detalhes sobre o projeto Antropofagia Digital


Vanessa Ramos-Velasquez criou uma teoria e poema-manifesto com uma nova visão projetada na Revolução Digital, tendo como ponto de partida o Manifesto Antropófago, escrito pelo autor modernista brasileiro Oswald de Andrade em 1928. O original foi uma afirmação da voz única brasileira na época moderna emergente, longe dos clichês do colonialismo, embora assumindo abertamente a metabolização de referências vindas do Primeiro Mundo. A releitura criada por Ramos-Velasquez por sua vez, em Antropofagia Digital, contendo o Re-Manifesto Antropofágico para a Era Digital visa atualizar a prática antropofágica do canibalismo cultural para a Era Digital num mundo de co-existência virtual que está se transformando na nova fronteira a ser colonizada e onde qualquer um pode vir a ser o colonizador. Ramos-Velasquez propõe que "Antropofagia Digital" seja:


• a soma das práticas antropofágicas se feita virtualmente, ou seja, com ajuda de computadores, plataformas de redes sociais ou outros dispositivos digitais, ou se for executada na realidade, mas facilitada digitalmente.

• Um novo paradigma dos modelos de entrada / saída (input/output) geradas através da Internet.

• Uma nova prática de consumo cultural que envolve uma mediação tecnológica para a entrada (alimentação: tanto o ato de alimentar como o de ser alimentado), a digestão, e a excreção.


Este trabalho (ensaio, manifesto, e pesquisa) pode ser apresentado como uma palestra-performance contendo uma publicação parcial ou integral do conteúdo se a programação preferir ou requisitar. O trabalho foi apresentado pela primeira vez no ISEA2010/RUHR em Agosto de 2010, em Dortmund, Alemanha durante a Conferência sobre Cultura Eletrônica dentro da palestra Cyborgs and Transhumans. Recebeu o prestigioso prêmio de distinção do Vilém Flusser Theory Award no festival berlinense Transmediale 2011, onde foi apresentado em 2.2.2011.


Este trabalho foi iniciado em Maio de 2009 e concluído em Julho de 2010. Porém estará continuando e gerando outras formas de expressão como por exemplo um filme interativo feito através do Facebook e outras plataformas de redes sociais (social online networks) onde o público responderá a um convite aberto a escolherem uma frase do meu Re-Manifesto e se auto-gravarem com seus telefones celulares ou cameras de computador e postarem o video na minha pagina do FB feita para o projeto. O video também existirá de forma completa (montagem em pós-produção) para poder ser apresentado como parte do trabalho em festivais e outras programações. E como parte da minha proposta da Antropofagia Digital, o filme-poema-manifesto também será disseminado pela internet por forma viral sem restrições de reuso por parte de terceiros.

 

o que restou do re-manifesto as 14:00 do dia 24 de agosto de 2010. talvez a platéia estivesse já satisfeita com o almoço.

nada sobrou do re-manifesto, o qual foi servido com cachaça para a platéia as 15:30 do dia 2 de fevereiro de 2011. Portanto, não podendo registrar o que não mais existe (o manifesto até que estava gostosinho no papel arroz, ou foi a cachaça que ajudou), eis aqui a foto da apresentação da performance Digital Anthropophagy and the Antropophagic Re-Manifesto for the Digital Age. Sim foi em Inglês, mas quem sabe em breve o barco aporta no Brasil, para discursar em Português...e se o barco passar por Portugal a coisa inteira fica até mais interessante.


Na foto: Stephen Kovats, diretor artístico do Transmediale e a artista, ah sim eu, dentro do barco pronta para navegar.

PERFORMANCE ARTPERFORMANCE_ART.htmlPERFORMANCE_ART.htmlshapeimage_4_link_0
INSTALLATIONINSTALLATION.htmlINSTALLATION.htmlshapeimage_5_link_0
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